• New Page 1

    RSSFacebookYouTubeInstagramTwitterYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTube  

‘BlackBerry’ entra na onda de filmes sobre produtos: ‘tão marcantes para a cultura quanto a 2ª Guerra’, diz diretor


Produção que conta história de ascensão e queda dos precursores dos smartphones estreia nesta quinta-feira (12) nos cinemas brasileiros e se junta a ‘Tetris’, ‘Barbie’ e ‘Air’. Matt Johnson fala sobre ‘Blackberry’ e filmes sobre produtos
Em ano com filmes sobre bonecas, tênis, um sabor de salgadinhos e até um video game icônico (sobre ele, não uma adaptação), “BlackBerry” se junta a essa espécie de subgênero um tanto específico ao estrear nesta quinta-feira (12) nos cinemas brasileiros.
g1 já viu: ‘BlackBerry’ subverte clichês dos filmes sobre marcas e tecnologia com deboche sincero
A produção, que recebeu elogios depois de ser exibida em fevereiro no Festival de Berlim, conta a história de ascensão e queda dos precursores dos smartphones, aqueles celulares com teclados que infernizaram a vida de muita gente nos anos 2000.
Com isso, entra para uma lista que só em 2023 já conta com “Barbie”, “Tetris”, “Air: A história por trás do logo”, “The Beanie Bubble – O Fenômeno das pelúcias” e “Flamin’ Hot – O sabor que mudou a história” – isso para ficar só nos principais.
Parece até que os executivos de Hollywood se juntaram em uma sala em algum momento dos últimos anos – afinal, projetos como esses levam um bom tempo para ficarem prontos – para combinar qual seria a grande nova onda.
Mas, pelo menos de acordo com o cineasta por trás de “BlackBerry”, a coisa não é bem assim.
“É muito difícil dar respostas definitivas sobre o zeitgeist. Como disse (o fundador da psicologia analítica) Carl Jung (1875-1961): ‘O zeitgeist é o espírito do tempo’. Ele representa o inconsciente coletivo de toda a nossa cultura”, filosofa em entrevista ao g1 o diretor e corroteirista do filme, Matt Johnson. Assista ao vídeo acima.
Jay Baruchel e Matt Johnson em cena de ‘BlackBerry’
Divulgação
Sem dinheiro de grandes estúdios, a produção foi financiada principalmente pelo governo canadense (a Research In Motion, empresa criadora dos aparelhos retratados, é do país).
“Não há uma origem em Hollywood ou até em um estúdio na história dessa narrativa. Posso dizer só que parece que agora o público está extremamente interessado em refletir e entender a cultura hipercapitalista corporativa na qual vivemos atualmente”, diz ele.
“Para ser justo, a boneca Barbie, o smartphone, os tênis Nike – essas são imagens e produtos que são tão marcantes para a cultura e poderosos quanto a Guerra do Vietnã para os cineastas e contadores de histórias que surgiram nos anos 1970. Ou a Segunda Guerra Mundial para os cineastas do final dos anos 1940 e dos anos 1950.”
Os três Matts da BlackBerry
Com um currículo mais focado na comédia (e professor de cinema na Universidade de Toronto), Johnson é particularmente conhecido no Canadá pela série de humor “Nirvanna the band the show”, exibida entre 2017 e 2018.
Para escrever o roteiro com seu antigo parceiro criativo Matthew Miller, ele se baseou no livro “Losing the Signal: The untold story behind the extraordinary rise and spectacular fall of BlackBerry” (“Perdendo o sinal: A história não contada por trás da extraordinária ascensão e a espetacular queda do BlackBerry”, em tradução livre), de Jacquie McNish e Sean Silcoff.
O filme contrapõe os dois ex-presidentes-executivos da RIM. De um lado, o inventor gênio e desajustado Mike Lazaridis (Jay Baruchel). Do outro, o executivo inescrupuloso tubarão de Wall Street Jim Balsillie (Glenn Howerton).
No meio, o personagem interpretado pelo próprio Johnson, o cofundador da empresa Doug Fregin.
Cary Elwes, Jay Baruchel e Glenn Howerton em cena de ‘BlackBerry’
Divulgação
“Li essa história e pensei: ‘ah, eu sou igualzinho ao Jim. Mas também sou igualzinho ao Mike. E também sou igualzinho ao Doug’. Eu consigo ter conversas comigo mesmo ao escrevê-los da forma mais honesta que posso e colocá-los para brigar na tela”, se autoanalisa o diretor.
“Eu acredito que os três estão 100% certos. Cada um quer o que é certo para eles. Então, colocá-los para brigar e vencer ou perder é uma forma para eu lidar com essas questões de uma forma quase terapêutica.”
Apesar do apego, ele não se sentiu tão atraído desde o começo pela ideia de contar essa história.
“Há uma repulsa universal em relação a essa noção de fazer um filme sobre um produto. Da mesma forma como eu me senti quando fiquei sabendo de filmes sobre beanie babies ou a Barbie. Você sente como se uma lâmina cega corporativa estivesse cortando o coração da sociedade em geral.”
Mesmo assim, ele acredita que a tendência não é passageira.
“Nós vamos continuar a ver filmes sobre corporações e marcas e titãs da indústria e produtos fracassados pelos próximos 20, 30 anos, porque, bem, porque nós sempre estamos olhando pro nosso umbigo, tentando analisar nossa própria cultura, quer queiramos admitir isso ou não.”

Adicionar aos favoritos o Link permanente.
 
  • New Page 1