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Campinas, 249 anos: caminhada pelo Centro ‘desvenda’ histórias dos principais pontos da metrópole; conheça

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Cidade passou por várias transformações ao longo dos anos, mas ainda é possível encontrar parte do passado nos edifícios e traçados que permaneceram. Campinas, 249 anos: conheça a metrópole em uma caminhada pelo centro
Campinas (SP) completa 249 anos nesta sexta-feira (14) e, como principal município do interior de São Paulo, vive em constante movimento. Toda essa agitação faz com que pontos tradicionais da metrópole, ainda que diariamente frequentados, tornem-se “invisíveis” para alguns.
Diante disso, o g1 Campinas preparou um roteiro pelo Centro, como forma de desvendar as ruas que grande parte da população percorre todos os dias e trazer à tona aspectos da história.
“Todo o centro é um espaço interessantíssimo do ponto de vista de visitação, e de turismo cultural e histórico. Começando pelos arruamentos que são os arruamentos coloniais, que é ali na Barão de Jaguara, Dr.Quririno e a Lusitania, aquele miolo do Marco Zero que tem construções ali muito interessantes” Eros Vizel, diretor de Turismo de Campinas.
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Quando estudam Campinas, historiadores e memorialistas ressaltam o caráter de entroncamento viário. Segundo a historiadora Mirza Pellicciotta, Campinas nasceu, cresceu e se desenvolveu sempre associada aos caminhos que cruzavam seu território.
“Arruamentos originários, os primeiros espaços públicos, os mais importantes eixos de circulação ao longo dos século que a cidade teve e vivenciou. os remanescentes de cultura material, mas também as tradições orais, as manifestações que acontecem nessa porção central de Campinas, muitas delas tem valor inestimável para história da cidade e das populações”, comenta Mirza.
Imagem aérea da Avenida Francisco Glicério, em Campinas
Reprodução/EPTV
O início da viagem: o encontro de estradas
O passeio começa pelo Terminal Rodoviário Ramos de Azevedo, que foi construído em 2008. Painéis expostos na rodoviária contam quem é a pessoa que nomeou o terminal.
Ramos de Azevedo foi um dos principais arquitetos do início do século XX. O arquiteto da modernidade paulista ganhou reconhecimento com obras em São Paulo, mas iniciou sua vida profissional em Campinas.
O terminal rodoviário de Campinas (SP)
Toninho Oliveira / Prefeitura de Campinas
A partir da rodoviária, construída no leito do antigo pátio da Companhia Mogiana de trem, é possível caminhar até a Rua Lidgerwood, onde encontram-se os remanescentes da antiga Fábrica Lidgerwood. Construída no estilo neogótico-vitoriano, era a principal indústria de materiais agrícolas em ferro e bronze.
Pouco antes de chegar à Estação Cultura, encontra-se, na parte externa, a entrada para um túnel de pedestres, uma passagem de 200 m de extensão construída em 1918 que liga o centro da cidade à Vila Industrial.
“Em 1918 eles fazem esse túnel de pedestre para ligar a Vila Industrial com o centro da cidade, todo esse pessoal precisava vir ao centro e tem a ferrovia passando aqui, então olha o perigo que é passar todo esse pessoal aqui por cima. Então o que que eles fazem? Fizeram esse túnel de passagem.”, comenta Foster Móz, engenheiro civil e funcionário responsável pela manutenção da Estação Cultura.
Estação Cultura Cultura em Campinas (SP)
Marcelo Gaudio
Logo, chega-se à antiga estação de trem, agora chamada de Estação Cultura, um centro cultural com exposições itinerantes e eventos aos fins de semana sediados no edifício que pertencia à Estação da Companhia Paulista. O local abre diariamente entre 8h e 22h e pode ser visitado de forma gratuita.
O prédio principal é uma construção no estilo Gótico Vitoriano inaugurada em 1884 e, apesar de não ter mais três de passageiros desde 2001, no local, ainda passam alguns trens de carga.
Pataforma da antiga Estação da Companhia Paulista, atual Estação Cultura, em Campinas (SP)
Marcelo Gaudio
A rua que conectava Campinas ao mundo
Descendo pela Rua 13 de maio, um calçadão de cerca de 800 m e principal centro de comércio popular de Campinas, é possível encontrar a fachada de alguns casarões do início do século XX em meio a modificações modernas.
A vocação comercial acontece desde a instalação da estação de trem no século XIX, tornando-se a principal via de fluxo de mercadorias. Toda a produção da cidade tinha como ponto de convergência a estação de trem, e era pela 13 de maio que a mercadoria passava.
“A antiga rua São José foi rebatizada pouco antes da república em homenagem à libertação dos escravos. Nasceu para interligar a região central com a zona ferroviária que estava se constituindo a partir da década de 1870. Estabelece conexão entre a ferrovia e o centro da cidade, e vai ser marcada por uma grande variedade de atividades”, fala a historiadora Mirza.
Calçadão da 13 de Maio, em Campinas, com decoração de guarda-chuvas coloridos
Bianca Rosa/EPTV
Em 2022 recebeu uma intervenção urbanística com a colocação de sombrinhas penduradas ao longo do trajeto. Logo após cruzar a Avenida Senador Saraiva, chega-se à Praça Rui Barbosa, onde um monumento mostra o local onde ficava o principal teatro da cidade do século XIX e, logo em seguida, observa-se a fachada posterior do maior templo em taipa de pilão do mundo, a Catedral Metropolitana.
Aberta diariamente entre 7h e 19h, a entrada é gratuita. Lá, é possível encontrar uma mistura de estilos, com detalhes variando entre o barroco e o rococó na parte interna até o exterior neoclássico. Muito desta mistura é resultado do longo tempo para conclusão da construção, que começou em 1807 e foi inaugurada em 8 de dezembro de 1888.
Catedral Metropolitana de Campinas
Rafael Smaira/G1
A Catedral possui 60 metros de altura e já foi um marco na paisagem. Era possível enxergá-la de qualquer parte da cidade, mas, com o passar do tempo, foi ficando escondida em meio aos prédios que cresceram nas imediações.
Ao sair da Catedral, seguindo à direita, por dois quarteirões pela Rua Regente Feijó, chega-se ao Palácio dos Azulejos. Um sobrado em estilo neoclássico construído em 1878, que foi residência do Barão de Ataliba no século XIX, prefeitura do município até a década de 1960 e desde 1975 funciona como Museu da Imagem e do Som.
O museu reúne um acervo audiovisual produzido em Campinas desde o século XIX e pode ser visitado mediante agendamento. Mas o maior destaque para um roteiro rápido é a fachada coberta de azulejos portugueses.
Palácio dos Azulejos – Museu da Imagem e do Som de Campinas.
Letícia Cardoso
Ao sair do museu, voltar em direção à Catedral e seguir pela Regente Feijó, encontra-se o Solar do Barão Ataliba Nogueira, um sobrado em estilo neoclássico de esquina, construído em 1894. É possível ver a fachada do segundo piso, sendo o nível térreo ocupado por comércio.
A residência foi transformada em hotel na década de 1920, o Hotel Victória, que, entre vários ilustres, hospedou o escritor Monteiro Lobato e os músicos Guiomar Novais e Orlando Silva.
A praça das manifestações
Ao fim do calçadão, atravessando a Avenida Campos Sales, encontra-se o Fórum Municipal, a praça Guilherme de Almeida e o Largo do Rosário. Este último um espaço historicamente utilizado para manifestações políticas e sociais, festas religiosas e populares.
“Um dos espaços públicos mais antigos de Campinas teria surgido logo em seguida ao largo da Matriz Velha, que hoje consideramos o Marco Zero de Campinas. Ele se forma com a constituição de uma igreja dedicada a escravos libertos e a população negra”, diz Mirza.
Largo do Rosário em campinas (SP).
Felipe Boldrini/EPTV
Recebe essa identificação de “largo” porque, até a década de 1950, dividia espaço com a Igreja do Rosário, demolida para a expansão da Avenida Francisco Glicério.
“O Largo do Rosário é um espaço guardião de tradições politicas e sociais, de manifestações no curso do século XX. por diversas vezes foi lá o centro nevrálgico da vida política de Campinas”, complementa.
Em uma das extremidades, está a Rua Barão de Jaguara, uma das primeiras vias da cidade e primeiro centro comercial. Em uma de suas esquinas tem um imponente solar, branco com janelas azuis, que pertencia ao Visconde de Indaiatuba, e dele restou apenas a fachada.
O berço da cidade
Seguindo pela Barão de Jaguara, apenas um quarteirão à frente, encontra-se a Praça Bento Quirino, um local que converge vários remanescentes históricos da cidade, como a Estátua de Carlos Gomes, monumento-túmulo de um dos principais compositores do Brasil do século XIX.
O monumento de bronze é de 1905.
Monumento-túmulo Carlos Gomes, em Campinas (SP)
Marcelo Gaudio
A capela que ali existia antes da estátua foi transferida para 70 metros onde atualmente se localiza a Igreja do Carmo, que funcionou como Matriz até a inauguração da Catedral. O edifício atual é da década de 1920, em estilo neogótico, e preserva apenas o altar-mor da capela original.
Entre a Igreja do Carmo e o monumento-túmulo de Carlos Gomes, destaca-se o prédio do Jockey Club Campineiro com inspiração nos palacetes franceses do século XVIII, inaugurado em 1925. Ele pode ser visitado de segunda a sexta, mas apenas com agendamento prévio.
Mais discreto, e quase imperceptível, no meio da praça Bento Quirino, encontra-se no pavimento a marcação de um circulo negro envolto de um quadrado branco de pedras portuguesas: o Marco Zero da cidade.
“A cidade, ela se comporta de uma forma surpreendente quando a gente articula todos esses espaços de interesse histórico e turístico, acaba criando um sítio de interesse. E os eventos, eles compartilham essa energia positiva”, pontua Eros Vizel.
O passeio continua…
Esse trajeto apresentado pelas ruas de Campinas é apenas uma pequena amostra do que a cidade pode apresentar. A história está viva nos edifícios e ruas que resistem às mudanças da modernidade, mas também na população.
A estes locais, soma-se outros, no próprio Centro, como o Mercadão, o Colégio, a Maternidade. Um pouco mais afastado, é possível citar o Bosque dos Jequitibás, o Taquaral e o Instituto Agronômico (IAC).
“A cidade, com esses 249 anos, continua sendo uma grande descoberta, todos os dias. Não só em virtude dos espaços que agente tem, mas dos usos que esses espaços acabam tendo e que se renovam constantemente. Então é bacana você ver esses espaços contraindo novos sentidos, novos significados, e contribuindo para uma cidade mais aberta, mais humana, mais respeitosa”, conclui Eros.
*Sob supervisão de Helio Carvalho
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