Andando pelas ruas de Joinville, cidade do Norte de Santa Catarina, dá para notar todas as influências alemãs e italianas na arquitetura, gastronomia e cultura. No entanto, cada vez mais é possível perceber a chegada de novos costumes e sotaques na região, como os nordestinos e venezuelanos.
Nordestinos e nortistas são alguns dos principais grupos de imigrantes que vêm a Joinville em busca de novas oportunidades – Foto: Bruno Weinrich/Reprodução ND
Jacson Victor do Vale Conceição é exemplo disso. Vindo de Salvador, capital da Bahia, o jovem trouxe junto na mala a cultura nordestina. Há cerca de 6 anos, veio morar com a mãe em busca de novas oportunidades na maior cidade de Santa Catarina.
Joinville é um município grande por extensão territorial e também economicamente. A cidade está entre os 30 maiores PIBs (Produto Interno Bruto) do Brasil, ocupando a 25ª posição. Esse número ajuda a atrair imigrantes em busca de novas e melhores oportunidades de vida e trabalho.
Diversidade gastronômica aquece setor em Joinville
Jacson chegou com o sonho de se tornar jogador de futebol, mas os planos mudaram e o jovem resolveu empreender com o que mais representa a sua origem: a culinária nordestina.
Ele e a mãe abriram um restaurante para preparar e vender pratos de uma das gastronomias mais conhecidas do país. O carro chefe? O acarajé.
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Jacson veio morar em Joinville há cerca de seis anos – Bruno Weinrich/Reprodução ND
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Restaurante, em formato de food truck, faz pratos típicos da culinária nordestina em Joinville – Bruno Weinrich/Reprodução ND
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Acarajé é o carro chefe do local – Bruno Weinrich/Reprodução ND
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Acarajé é um dos pratos típicos do Nordeste e muito comum em Salvador, cidade natal de Jacson – Bruno Weinrich/Reprodução ND
Esse prato é caracterizado pela massa de feijão-fradinho com diversas especiarias. “Lá em Salvador o acarajé é como os baianos falam: ‘é de lei’. Se você é turista e for a Salvador e não comer o acarajé, você visitou errado”, comenta o jovem.
O acarajé feito por Jacson e sua mãe, aqui em Joinville, segue a receita original da capital baiana. A avó de Jacson foi “baiana de tabuleiro” por muitos anos. O termo é comum em Salvador e se refere a mulheres que vendem acarajé pela cidade.
A proximidade da família com a receita foi tão grande, que os segredos do prato passaram de geração em geração e atravessaram mais de 2 mil quilômetros até chegar em Joinville.
Gastronomia amplamente difundida
Joinville conta com um setor gastronômico de alto padrão. Segundo Ana Luiza Moeller, presidente do Sindicato Patronal de Hotéis Restaurantes Bares e Similares de Joinville e Região, a diversidade culinária da cidade ajuda na pujança da economia local.
“Agora você já encontra [em Joinville] comida alemã, italiana, japonesa e de diversos locais. Os moradores não precisam mais sair da cidade para sanar o desejo de comer algo diferenciado”, comentou a presidente.
Ainda de acordo com Moeller, durante eventos, como o Festival de Dança e a Festa das Flores, os turistas que vêm a Joinville também ficam bem servidos com a culinária feita na cidade.
Joinville, terra de todos
Na culinária ou na indústria, a cidade catarinense continua crescendo com a chegada de imigrantes. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Joinville ganhou mais de 100 mil novos habitantes em 12 anos. Atualmente, o município tem 616.317 moradores.
De acordo com a diretora executiva da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Cristina Nogueira, os imigrantes mais comuns na cidade são os nordestinos e nortistas, além dos estrangeiros, normalmente vindos de outros países da América do Sul.
Joinvilense de coração
Larri Alcântara também veio a Joinville em busca de novas oportunidades. O operador de máquina viajou mais de 4 mil quilômetros até a cidade. Natural da Venezuela, país vizinho do Brasil, Larri morou primeiro em Manaus, no Norte do país, mas hoje já se considera joinvilense.
Larri é venezuelano e veio para Joinville em busca de novas oportunidades de emprego – Foto: Robson Oliveira/Reprodução/ND
Uma amiga do venezuelano o aconselhou a vir morar em Joinville pois havia muitas empresas grandes contratando. Quando chegou na cidade, demorou apenas um mês para conseguir emprego.
“Joinville tem muita oportunidade para venezuelano, alemão, italiano, mesmo brasileiro que vem de fora, para realizar sonhos e metas”, contou Larri.
Chuville acolhe e agrada imigrantes
Diferente de Larri, Richard Anselmo Pereira é brasileiro, natural do Rio de Janeiro, mas também veio para Joinville em busca de emprego. Há quase dois anos morando aqui na cidade, ele trabalha em uma grande empresa como operador de máquinas.
Ele conta que, aos poucos, a família também está vindo para o município para recomeçar a vida. Segundo Richard, a atmosfera joinvilense é diferente do que ele estava acostumado no Rio de Janeiro, como a educação, organização e até a chuva, que gera apelidos como ‘Chuville’ à cidade do Norte de Santa Catarina.
“Fui bem acolhido aqui, foi muito gratificante, não quero ir embora”, afirma Richard.
Richard se encantou com a cidade que chama carinhosamente de “Chuville” – Foto: Robson Oliveira/Reprodução/ND
Crescimento da cidade explica chegada de novos imigrantes
Joinville foi eleita a “Melhor Cidade do Brasil”, em 2023, de acordo com uma pesquisa realizada pela Editora Três e Austin Rating, instituição especializada em classificar riscos de crédito.
De acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), no último ano, Joinville criou 9.428 vagas formais. Foi a cidade de Santa Catarina que mais gerou empregos no último ano.
Com R$ 45 bilhões de PIB (Produto Interno Bruto), o município segue como um dos mais ricos do país.
Além dos benefícios na economia, a cidade se enriquece com a diversidade cultural e gastronômica.
Joinville, bom para viver
No dia da comemoração dos 173 anos, quem chegou por aqui reforça o carinho que tem pelo município e pelos joinvilenses.
Veja os recados dos imigrantes:
Larri e Richard chegaram na cidade há poucos anos, mas já se consideram joinvilenses de coração – Vídeo: Robson Oliveira/Reprodução/ND
