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Na obra-prima de João Cabral de Melo Neto, o poema dramático “Morte e Vida Severina”, escrito entre 1954/55, transformou em poesia visceral a condição do retirante nordestino, sua morte social e miséria. O personagem Severino em sua trajetória do agreste rumo ao Leste (litoral) assiste a muitas mortes e, de tanto vagar, termina por descobrir que é justamente ela, a morte, a maior empregadora do sertão. É a ela que devem os empregos, do médico ao coveiro, da rezadeira ao farmacêutico. Se vivo estivesse, o nobre poeta e diplomata pernambucano mudaria o rumo de seu personagem, faria com que o retirante pegasse o sentido Oeste, rumo a floresta.